O emproadoA plateia, cirurgicamente orquestrada. Sócrates, o irritante, solta umas bacoradas. Perante tanta pompa, no anúncio de um programa pífio, Paula de Castro Guimarães, compositora e flautista, directora da Miso Music Portugal - uma associação cultural (com trabalho ao longo dos últimos 15 anos) para a promoção da criação musical portuguesa - interrompe um discurso ilusório e fantasioso. Sócrates fica sem argumentos, repetindo clichés gastos. Paula insiste no seu ponto de vista. A maioria da sala, previamente manipulada, emudece-se. Por muito que Paula tenha razão o irritante menino Sócrates não pode sair descontente. Paula continua. Ao fundo ouvem-se umas tímidas palmas, não se sabe se para aplaudir Paula se para ajudar Sócrates a sair daquele embaraço. O certo é que este aproveita o momento para sair. Contudo, ao dirigir-se para a
plaquinha verde sobre a alçada da porta, Sócrates esbarra nos jornalistas, esses chatos que gostam de fazer perguntas inoportunas e incisivas. Mas Sócrates quer fugir dali. Aquele clima de contraditório não é para si. Ele não está habituado. Que horror! E é nessa sua brusca fuga que deixa escapar aos jornalistas (que não tinham outro lugar para estar na sala, senão aquele), de quem quer fugir sem respostas:
"Mas estão a tapar-me o caminho, não querem que eu passe?" A vontade era dizer-lhe: é! Queremos que não passe! Que caia já aqui! Mas quando os jornalistas lhe abriram um corredor (que não o da morte - política, entenda-se), o emproado passou, ignorando as perguntas realistas dos jornalistas. Se as perguntas fossem favoráveis, orquestradas tal como a plateia da sala, aí seguramente Sócrates pararia. E não teria atrás de si, tantos seguranças a empurrar microfones.
Parte da notícia,
aqui.
Além da atribulada apresentação, foi de constatar a tendência deste Governo de Sócrates para anunciar, com pompa e circunstância, aquilo que já fôra anunciado muitos meses antes... É de bradar aos céus. Assim, para os mais desatentos, é dado a entender que as inovações/iniciativas governamentais são muitas quando, ao fim e ao cabo, são as mesmas anteriormente anunciadas... Tal como foi o caso deste Programa de Apoio à Formação de Jovens nas áreas da Cultura e da Cooperação. A isto chama-se encher chouriços! Tenham vergonha!