segunda-feira, março 24, 2008

CM Seixal e SL Benfica, uma relação de compadrio?


Quando as coisas não são feitas com rigor e isenção, surgem notícias a denunciar isso mesmo, e a reacção a ter é abafar a coisa, algo vai mal. Neste caso, refiro-me a uma notícia que, talvez por ser interveniente o Benfica, dos míticos seis milhões, e não outro qualquer clube, acabou por não ser muito explorada. Falo da dívida da água, orçada em cerca de 500 mil euros. Contudo, além de não pagar a água do seu Centro de Estágios, no Seixal (como se pode ler na notícia abaixo transcrita), o Benfica tem outras manhas escondidas. Provavelmente poucos serão aqueles que saberão, mas o Centro de Estágios do Benfica, no Seixal, foi construído sem um Plano de Pormenor! Ou seja, sem as regras estipuladas para qualquer comum mortal. Que interesse terá havido para que assim fosse?

«A Câmara Municipal do Seixal enviou para execução fiscal parte da dívida do Benfica relativa ao fornecimento de água ao centro de estágio do clube, no valor de 170 mil euros. A informação foi dada à agência Lusa pelo presidente da autarquia, que não revelou qual o montante total em causa.
Parte da verba reclamada pela Câmara, explica Alfredo Monteiro, engloba facturas por liquidar relativas aos últimos dois meses, que ainda são consideradas pagamentos em atraso e deverão ser saldadas «com os respectivos juros de mora».
Alfredo Monteiro defende que o Benfica «é um cliente como outro qualquer» e já confirmou a intenção de regularizar a situação. Acrescenta que o processo decorrerá «conforme o regulamento municipal».
A questão, ao que o Maisfutebol apurou, remonta ao processo de mudança do Benfica para o Seixal. Ao abrigo das contrapartidas dadas ao clube, a autarquia assumiria as despesas da água. Mas o protocolo não chegou a ser assinado e esse acordo não está em vigor.
Alfredo Monteiro acredita que a questão não atingirá um ponto de ruptura. «O concelho do Seixal tem 80 mil consumidores e a água nunca foi cortada a qualquer um deles. O que fazemos é avaliar caso a caso as razões do não pagamento da facturação para encontrar uma solução de pagamento vantajosa para todos e que cumpra o regulamento municipal», afirmou o autarca à Lusa, garantindo que a verba será saldada «como compete a qualquer cliente da autarquia», sem a celebração de nenhum protocolo específico entre as partes.
Contactado pelo Maisfutebol, Mário Dias, vice-presidente do Benfica, não quis fazer comentários à situação.»

Notícia do site Maisfutebol 09.11.2007


A dívida, que o Presidente da Câmara não quis revelar, é superior a 500 mil euros e ainda não foi saldada. E está, portanto, a aumentar. Quando fôr saldada, se é que algum dia vai ser, será curioso saber, pela boca do Presidente, onde e como vai ser gasto esse dinheiro, para que não se diga que está pago, sem o estar realmente.

sábado, março 22, 2008

E Amsterdão aqui tão perto



Holanda quer legalizar sexo em parques públicos.

terça-feira, março 18, 2008

Armando Vara

«Armando Vara não deixou de ser uma figura influente no PS e fora dele depois de sair do Governo em 2001. Regressou à Caixa Geral de Depósitos (CGD) como director e, com a subida de José Sócrates a primeiro-ministro, em 2005, foi nomeado para a administração do banco público. Aí, mesmo sem o protagonismo mediático do tempo em que ocupou várias pastas dos governos de Guterres, manteve a capacidade de manobrar nos bastidores, atributo que lhe está colado desde o tempo em que ascendeu à presidência da distrital do PS de Bragança e se tornou numa peça chave do aparelho socialista.
O ex-secretário de Estado, de 54 anos, apanhado em 2001 no escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança - instituição privada que fundou usando dinheiros públicos quando estava no Governo - acabaria por ser chamado para altos cargos, enquanto administrador nomeado para a CGD pelo actual Governo. Nessa altura, dentro e fora do PS, houve quem denunciasse a atribuição do "job" a um reconhecido "boy" da confiança de Sócrates. Mas isso nunca reduziu o seu espaço de manobra dentro da instituição.
O militante socialista, para além de responsável pela área do crédito da CGD, tutela as participações financeiras do banco, nomeadamente na EDP, na PT e na PT Multimédia, no BCP e na Cimpor, e tem a seu cargo as direcções de particulares e de negócios das regiões de Lisboa e do Sul.
A subida de Vara na CGD tem sido explicada pelo PSD e por vários comentadores e economistas como uma opção governativa, baseada em cumplicidades partidárias. Isto porque Vara não tem um percurso profissional de excelência na banca e que da sua passagem pelo Executivo pouco sobrou para além de uma medida sonante - a campanha contra a sinistralidade "Tolerância Zero" - e a polémica que o levaria à demissão.
Os amigos contrapõem que Vara foi vítima de uma campanha para o destruir, numa altura em que preparava o Euro 2004 e que, não tendo qualificações brilhantes, compensa as suas fragilidades com o seu empreendorismo.
Natural de Lagarelhos, concelho de Vinhais, em Trás-os-Montes, Vara galgou degraus dentro do PS até, em 1987, encabeçar a lista do partido em Bragança. Tinha então apenas o liceu, atendia ao balcão da CGD de Mogadouro, mas Mário Soares já lhe reconhecia grandes qualidades como dirigente local.

De militante a governante
Anos depois foi chamado ao secretariado nacional e, com Guterres, ascendeu ao centro do poder socialista, sendo próximo de Jorge Coelho, Sócrates, Laurentino Dias e Narciso Miranda. Entretanto havia entrado para a Fundação José Fontana, encarregue de formar quadros do partido, pela mão de Maldonado Gonelha, um maçon do Grande Oriente Lusitano, a que já foi noticiado Vara também pertencer.
Entre 1995 e 2002 passou pela secretaria de Estado da Administração Interna, tornou-se ministro-adjunto de Guterres, mas foi durante a passagem efémera pela tutela do Desporto que o escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança forçou a saída do Executivo. Vara considerou-se "vítima de uma onda mediática que acabou por arrastar as instituições do Estado, que não conseguiram produzir declarações sérias" e, em Julho de 2001, com a polémica no auge, esclareceu o seu futuro político: "É uma viagem sem regresso".
Guterres sai, mas antes ainda Vara reentra na CGD, agora como director adjunto de Obras e Património. Com Ferro Rodrigues na liderança do PS, afasta-se da direcção do partido mas não deixa de intervir, tendo apoiado de forma clara Fátima Felgueiras, contra a posição do seu secretário-geral, alegando que "os partidos não podem ser juízes de ninguém".
Entretanto foram sendo revelados, pela imprensa, os processos menos claros, ou as cumplicidades perigosas, que havia protagonizado. Falou-se a propósito do seu curso de Relações Internacionais, tirado na mesma Universidade Independente onde Sócrates obteve o seu diploma. Isto porque, o fim do curso ocorreu três dias antes da nomeação para a administração da CGD e, nesse período em que houve várias mudanças na direcção da UnI, chegou a ser nomeado para reitor Jorge Roberto, um subordinado do socialista na CGD. A tudo isto, ou Vara não respondeu, ou desmentiu cirurgicamente, à sua maneira, como no caso da Independente. "Pimenta no rabinho dos outros é refresco", disse numa entrevista, referindo-se à forma como o PSD criticou o processo da licenciatura de Sócrates. Isto para além das relações entre Vara, Sócrates e António Morais, o docente que deu quatro das cinco cadeiras com que o primeiro-ministro terminou o seu curso de engenharia civil.»

[in Público - em 29.12.2007]

sexta-feira, março 14, 2008

A Sovenco ou o feudo dos gasolineiros

Corria o ano de 1990. Quatro conhecidos socialistas decidem, sem qualquer ligação aparente ao ramo, criar uma Sociedade de Venda de Combustíveis. O seu nome: Sovenco. Os seus membros fundadores: Armando Vara, Fátima Felgueiras, José Sócrates, Virgílio de Sousa. Este último, o menos conhecido, ficou famoso - pela negativa - ao ter sido condenado a prisão, por um processo de corrupção no Centro de Exames de Condução de Tábua.

Armando Vara é o tal que foi caixa, durante seis meses, na CGD de Mogadouro e que, passou a administrador da grandiosa CGD, logo após a sua passagem pelo Governo. Num ápice! Em 2001 foi apanhado no escândalo da Fundação para a Prevenção e Segurança, uma instituição privada que fundou, usando dinheiros públicos, quando estava no Governo. Foi, por isso, condenado a 4 anos de prisão, com pena suspensa.
Ele é a prova viva de que os sonhos se podem tornar realidade, desde que encomendados a partidos, e insuflados com empenhos bem colocados e de favores vários.

Quanto a Fátima Felgueiras, recaem sobre si tantas acusações de corrupção que, nem vale a pena aqui mencionar tais artimanhas.

Resta Sócrates. O homem que parece ter receio de algumas acções do seu passado. A avaliar pelos seus pares nesta Sovenco, compreende-se. Contudo, o homem que finge agora não se lembrar da sociedade que fez na Sovenco, é o mesmo que não se recorda como ficou licenciado, nem porque é que, já antes de o ser, utilizava o título de Engenheiro. Mas porque se quererá ele esquecer de tudo isso, se é um passado que foi seu?

Há, no entanto, duas perguntas para as quais desconheço a resposta e que pode encobrir outras negociatas:
- Porque carga de água se lembraram estes quatro elementos de constituir a Sovenco?
- Qual o interesse deles em possuir uma Sociedade de Venda de Combustíveis?

Vou averiguar.