Erro de casting
«Terá futuro um primeiro-ministro que prometeu, na campanha eleitoral, não aumentar os impostos e que, logo nas primeiras semanas de mandato, fez o que sabe ao IVA? E que teve de substituir, inesperadamente, uma peça chave do Governo, o ministro das Finanças? E que afrontou privilégios antigos de corporações influentes, como, por exemplo, os juizes e os professores, não esquecendo também os próprios políticos? E que não hesitou em fazer frente ao «grémio» poderoso dos proprietários de farmácias? E que anunciou acabar com «direitos adquiridos», há muito, por centenas de milhar de funcionários públicos? E que, para 2006, não parece disponível para aumentar mais de 1,5 por cento essa classe profissional que, nos últimos dois anos, perdeu vários pontos de poder de compra? E que já assumiu que os portugueses terão, provavelmente, de reformar-se mais tarde, ou seja, trabalhar mais anos e, em simultâneo, receber menos dinheiro no período de reforma? E cujo partido conheceu uma derrota severa, em Outubro, nas eleições autárquicas? E que apoiou um candidato à Presidência da República que acabou por obter o resultado que se viu face ao rosto da oposição interna ao secretário-geral do PS?»
Pois é, todas estas perguntas poderiam ser minhas, mas são de Mário Bettencourt Resendes. Claro que ele depois, no seu texto, dá-lhe uma volta consentânea com a cor que defende, algo com o qual eu, por não concordar, aqui não coloco. Deixo, isso sim, é uma pergunta. Se o primeiro-ministro fosse de direita e após todas estas trapalhadas e outras tantas cometidas e aqui não mencionadas, quantos insultos e quanta contestação mereceria o primeiro-ministro, por certas vozes que já ouvi tantas vezes falar sem razão e que, agora, se mantêm caladas?
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