domingo, julho 30, 2006

Descoberta nau portuguesa afundada no estreito de Malaca em 1583

«Um arqueólogo marinho australiano julga ter descoberto uma nau portuguesa afundada em 1583 no estreito de Malaca durante uma batalha naval, que seria a mais antiga embarcação europeia encontrada até agora naquelas águas.
Em declarações ao diário «The Star» de Kuala Lumpur, Michael Flecker, muito conhecido pela suas explorações arqueológicas na região, afirma ter feito a descoberta no ano passado mas não revelou a sua localização para evitar que fosse alvo de pilhagens.
Flecker garante que o navio se encontra entre Pulau Upeh e Pulau Panjang, uma faixa marítima pertencente à Malásia onde diz ter encontrado outras duas embarcações cuja antiguidade está ainda por estabelecer.
Quanto à nau portuguesa, o arqueólogo presume que possa ter sido comandada por Luís Monteiro Coutinho e afundada durante um combate naval com navios de Achém (Aceh, Indonésia).
O arqueólogo, que detectou os navios afundados com tecnologia sonar e confirmou a descoberta com mergulhos, documenta o achado com uma série de fotografias de canhões, balas, ossos de animais e várias peças quebradas de porcelana da dinastia Ming.
Flecker, que planeia recomeçar em breve as suas prospecções, admite que a zona seja uma espécie de «cemitério» que contenha mais naves.
Espera que, a partir delas, se possa conhecer melhor o papel desempenhado no passado pelo estreito de Malaca - que liga o oceano Índico ao Mar da China meridional e é partilhado pela Malásia, Indonésia e Singapura - e por Portugal, que conquistou o território em 1511.
Luís Monteiro Coutinho (1527-1588) era capitão-mor no mar de Malaca.
Feito prisioneiro pelos achéns (indígenas de Achém, reino situado na extremidade noroeste de Samatra), terá sido morto por um tiro de canhão às ordens do rei local por se ter recusado a renegar a fé cristã.
Cabe ao governo da Malásia aprovar a continuação das explorações dentro das suas águas territoriais e Frecker disse ter apresentado relatórios das suas descobertas ao governo de Kuala Lumpur.
Na capital da Malásia, o ministro da Cultura, Artes e patrimómio, Datuk Seri Rais Yatim, confirmou ter conhecimento da descoberta e do progresso das prospecções.
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